INFÂNCIA
O que fui não sou, nem serei talvez
O muito pouco que sou agora
Porque da vida a linda aurora
Num longo crepúsculo se desfez.
Deixa-me chorar a infância anosa
Porque só me resta chorar.
Quem há de me dar outra rosa
Que não venha nunca murchar ?
Uma rosa plantada à tumba
Que, ao sol da manhã, vai se abrir
E, eterna, jamais sucumba
Ao entardecer triste do porvir.
Quando tudo cessar, eu me cessarei
E a amarga certeza de ser finito
Me traz, agora, esse desejo aflito...
Mas que pena ! Outra rosa eu jamais terei.