Poeta das flores

E se vem e vai o amor, não é volúvel, mas voluptuoso.

Dispersando-se em gotas de orvalho

Lis, bela flor que Florbela Espanca, me serviu de soneto

Fez nascer em mim um sonho, estigmatizado pelo tempo.

A leveza do vento que sopra face a dentro

Inebria eloquente a aragem do prado sentimento.

Um cerrado prazer de cada dia!

Ah! Muito esperei voar com você, em sua companhia

Como operário fiel que sou,

coletor do néctar de tua bela flor.

Consumidor do mel (o mais doce que provei), eu sei...!?

Até onde fui, nada sei!

Mas posso e quero ir além...numa jornada

Invadir, adejar teu ser com lirismo.

Enredar lua e madrugada.

Menina dos olhos de brilho sumptuoso, tons de esmeralda

Que atrai e envolve infinitamente meu caminho

Ando só, porém, ao encontro do ninho

Eis-me aqui, teu passarinho!

Como quem procura abrigo e encontra uma nascente de saliva, boca incandescente.

Carmim, fogo que me queima,

acende e abrasa de forma vital, minha natureza.

Crisol, as escritas do poeta.

Um gorjeio de rimas de todo dia,

Com inspirações diretas.

Por mais explícitas que sejam,

sempre serão secretas.