FINAL

Somos dois seres perambulando

Por essa estrada horrenda e incerta:

Tu vais a sós co’a alma chorando,

Eu vou sozinho co’a minha deserta.

Talvez um dia esses nossos caminhos

Irão se cruzar, muito além talvez,

E tu chorarás a velhice que fez

Perder-te no tempo tão de mansinho.

Eu chorarei os sonhos perdidos,

Os risos de outrora, então diluidos,

Na névoa pesada que vai me restar.

Co’as cabeças já brancas, seremos os mesmos,

Seguindo, sozinhos, sem rumo, a esmo,

E sabendo que a vida está quase a findar.

mreno
Enviado por mreno em 20/03/2005
Código do texto: T7188