FINAL
Somos dois seres perambulando
Por essa estrada horrenda e incerta:
Tu vais a sós co’a alma chorando,
Eu vou sozinho co’a minha deserta.
Talvez um dia esses nossos caminhos
Irão se cruzar, muito além talvez,
E tu chorarás a velhice que fez
Perder-te no tempo tão de mansinho.
Eu chorarei os sonhos perdidos,
Os risos de outrora, então diluidos,
Na névoa pesada que vai me restar.
Co’as cabeças já brancas, seremos os mesmos,
Seguindo, sozinhos, sem rumo, a esmo,
E sabendo que a vida está quase a findar.