SAUDADES
Oh! quantas vezes na saudosa memória
os vergéis e as colinas da esperança
da fresca e pura brisa da juventude
ligeiras borboletas eu perseguia
Vivaz lembrança! Quanta alegria infundes
Minha terra da infância, meus céus azuis
onde o tempo não anda nem para, é Tempo apenas
Tempo de sorrir e viver, sem medo, sem culpas
de onde os de fora olhavam curiosos
aquelas crianças brincando despreocupadas
o Céu não apraza minha terra natal
funérea lousa me resguardava o futuro
que perdi, quando inadvertidamente, cresci
Saudades de épocas de confiança
sem a menor dúvida, com muita esperança
dias vermelhos e verdes faziam a celebração
de futuros jovens em busca da superação
a mim estranha! minha filha ver-me
tão distante do que eu era naquelas épocas
de felicidade, amizade e coragem
agora me resta a alma escolher
qual asilo viver no além túmulo
quão certo minha alma buscará
suave esperança de viver entre os meus
de outra vida alegre e gentil
pois nesta vida sou apenas um estranho
no meio daquilo que os neófitos chamam família
meus frios ossos, que tremem noite e dia
no meu jazigo escuro que ainda não visitei
ao lar, de há muito, disse-me adeus eterno!
oh lógica da dor, que mistério acerbo!
de uma a outro pranto, seus fios tece
e feres no fundo da alma e fonte amara!
e no fundo do peito, me duplicas a mágoa
surdo juízo, dura corretiva vida
banha-me em prantos a laje fria
flores murchas, que me torno de mim cresceis
sois, talvez, as intérpretes da angústia
quando a noite diz adeus à tarde
e o escuro da solidão mistura-se ao ar
esse triste sussurro que ressoa
não fala, acaso, das saudades dos mortos?
falai, alma perdida, quais são tuas saudades
quais são tuas dores
teus erros desatinos há muito perdidos
nos acertos desprezados de tua vida incauta
falai, alma perdida, quase são tuas saudades