SAUDADES

Oh! quantas vezes na saudosa memória

os vergéis e as colinas da esperança

da fresca e pura brisa da juventude

ligeiras borboletas eu perseguia

Vivaz lembrança! Quanta alegria infundes

Minha terra da infância, meus céus azuis

onde o tempo não anda nem para, é Tempo apenas

Tempo de sorrir e viver, sem medo, sem culpas

de onde os de fora olhavam curiosos

aquelas crianças brincando despreocupadas

o Céu não apraza minha terra natal

funérea lousa me resguardava o futuro

que perdi, quando inadvertidamente, cresci

Saudades de épocas de confiança

sem a menor dúvida, com muita esperança

dias vermelhos e verdes faziam a celebração

de futuros jovens em busca da superação

a mim estranha! minha filha ver-me

tão distante do que eu era naquelas épocas

de felicidade, amizade e coragem

agora me resta a alma escolher

qual asilo viver no além túmulo

quão certo minha alma buscará

suave esperança de viver entre os meus

de outra vida alegre e gentil

pois nesta vida sou apenas um estranho

no meio daquilo que os neófitos chamam família

meus frios ossos, que tremem noite e dia

no meu jazigo escuro que ainda não visitei

ao lar, de há muito, disse-me adeus eterno!

oh lógica da dor, que mistério acerbo!

de uma a outro pranto, seus fios tece

e feres no fundo da alma e fonte amara!

e no fundo do peito, me duplicas a mágoa

surdo juízo, dura corretiva vida

banha-me em prantos a laje fria

flores murchas, que me torno de mim cresceis

sois, talvez, as intérpretes da angústia

quando a noite diz adeus à tarde

e o escuro da solidão mistura-se ao ar

esse triste sussurro que ressoa

não fala, acaso, das saudades dos mortos?

falai, alma perdida, quais são tuas saudades

quais são tuas dores

teus erros desatinos há muito perdidos

nos acertos desprezados de tua vida incauta

falai, alma perdida, quase são tuas saudades

Leandro Sarno
Enviado por Leandro Sarno em 18/02/2021
Código do texto: T7187231
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