Palavras

Palavras

Palavras desatinas

Não querem dizer nada

Palavras são palavras

Divinas, sorrateiras

Puras, ladinas...

Tal qual o timbre da voz

Na letra da canção

Toda musicalidade

Que expressa

E desarma a alma.

Palavras que tudo revelam

E ofuscam um olhar

Sem sensura

Expõe no semblante

Um lamento

Um silêncio total nas ruas.

Palavras em verso e prosa

In(verso) as estrelas

Que toda noite

Querem sentir no luar

Uma inovadora sensação

Estrofes a mais

Num dia... há dias...!

Voz de você, mulher

Ecos do coração.

Palavras que tudo/nada me dizem

Adormeceram e acordaram em mim

Transbordaram-me alegria

Da terra que semeia o pão

A fome de meus irmãos

Meu pesar, minha agonia.

Palavras de oração

Escritas pelas mãos

Do sábio hábil poeta

Palavras em linha reta

Sólidas, singram em mim

Lançam o meu mundo obscuro

Distante do teu jardim.

Palavras de solidão

Dispersas na multidão

Mistérios que vem do mar

Escondem do pescador

As lágrimas do seu amor

Que ficaram por lá.

Palavras de todo um ensino

Um curioso sorriso de um menino

Herói, como Marcelino

Que nesta rima não entrou

Faltou em minha memória

O vinho daquela história

E a frase que celebrou.

Palavras são palavras

Esperadas como um sonho

Cheias de magia

Comum, de singular simetria

Prontas pro desabafo

Às vezes toda ironia!

Com im(perfeita) harmonia

Do que venha acontecer

- Todas estas, são palavras

Curtas, longas, abstratas...

De respostas in(exatas)

Que instigam meu por quê.