UMA SAÍDA ALGUMA
Penso que sou tão somente um poeta,
pois, para sê-lo, não há um único teste,
RG, CPF ou blefe — zero é o que se pede
e não carece nem saber como se escreve.
Sou herdeiro da aurora, do ocaso e da febre
de querer o que não se deve, porém que tece
um verso no vento da nuvem e do seu decreto
nos cento e oitenta deste perolado que desce.
E nada mais me resta além de ser um poeta
desta coisa eterna de errar feito quem acerta.