PRESENÇA DE AUSÊNCIA

E o que era já foi...

Sumiu, venceu o ar, comeu o sol e entrou no buraco da minhoca

Não deixou vestígios tampouco adeus

Saiu sem avisar mas se fez ausente com peso e veemência

Nos deixou lá olhando pro horizonte e segurando uma lágrima no canto do olho, gorda e salgada como uma bolha de oceano

Ficou então aquela brisa macabra, nada aliviante e toda fria

Como a velha cinza, como a maré ressacada e o olhar morto

Como a infância perdida e a maturidade desperdiçada

Olhei de novo, tentei enxergar um resquício entre a bruma

Mas nada...

Só o nada

O gigantesco, continental e implacável nada.

Caio Braga
Enviado por Caio Braga em 16/02/2021
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