TRISTEZA PUNK
Uma lágrima cai...
É duro dizer isto, mas uma lágrima cai.
Quando desmorona essa lágrima
vem um maremoto; daquele mar bravio da alma.
A tristeza ela virá
te abaterá, vai machucar, invadir-te, te roubar, assenhorar-se...
Isto é a crueldade de ter um coração?
Essa é a loucura de possuir Humanidade?
É a apresentação teatral do espetáculo dos amores?
A lágrima se mostra um remédio, uma tara, uma soberba, uma solidão?
Ela cai no nosso rio...
Ela cai no nosso poço...
Ela cai no nosso esgoto...
Ela cai na nossa horta...
Ela cai nas nossas dívidas...
Ela cai na nossa indecência...
Ela cai na nossa merda...
Ela cai no nosso presentir de caídos...
É a dor que constrói?
Nessa estrada de lodo e sapos no caminho.
Vou avante,
Posso me suicidar?
Talvez; sempre é tarde demais pra conhecer o cemitério.
Filosofe.
Se dê a sorte.
Destroce.
Troque.
Se recoloque.
Se entorte.
Se emborque.
Se estoque.
Se dê ao golpe...
A lágrima vai cair mané, pajé, ator, atriz, menino, mulher; sací.
Brinque um pouco, se dê o privilégio do choro...
Tantos querem chorar, e somente riem...
Vá plantar pranto no roçado da farta depressão...
A chuva desta tristeza é até o permitido da chuva que poderá nos germinar.
Dance com o teu amor.
Faça sexo, às lágrimas que embelezam a donzela macambúzia.
Toda dor tem fim
Até defecar si finda...
todo pranto diz um adeus, até mesmo a felicidade tira férias.
Até os anjos gostam de vodca.
Até o sofrimento feito mendigo velho, contemplo o belo brejo.
Vamos respeitar a carga horária desta depressão?
Vamos fazer amizade com essa personalidade tão isolada?
Convide a tristeza pro chá...
Dê café pra ela...
Dê açucar...
Dê o seu corpo...
Se masturbe, não faça guerra.
Visite a casa da tristeza e verás que ela passa necessidade:
Vamos ajuda-la?!
A agonia cobra um aluguel caro...
E a tua e a minha tristeza precisa conhecer uma bela garota.
Os sozinhos são felizes, pois choram sozinhos.
Mas, se for pra chorar faça um concerto público
Se dê ao ridículo...
Se ame, porra!
Se goste, porra!
Se cuide, porra!
Se entregue, porra!
Se nutra, porra!
Não seja o que não pode ser, porra!
Seja foda!
Seja foda com a dor...
Seja um galante com esse pranto...
Seja o herói deste teu pessoal choro.
Seja um desbravador: E mostre que os chorosos, também criam: Mundos.
A dor também, é uma formada pedagoga, que esquecida por seus alunos
Disputa uma cátedra na universidade dos: Propósitos.
Vamos nessa terapia da antipatia do sofrimento
da insistência pela felicidade;
e pintaremos no quadro do cabal destino:
Tantas as coisas afanadas ao nosso engano, na
mesma obra-prima de alguma surrealidade que nos extingue.
E, por força dessa realidade a única forma de consolar nossa alegria
é sangrando o mesmo coração:
POIS ENQUANTO HOUVER DEPRESSÃO, EU IREI
REVOLUCIONAR!