Arvoredo

Arvoredo

Melancolia criara raízes naquele lugar.

Fixara ali seu ponto de apoio.

Varrera muitas vezes o solo empoeirado.

Eliminara com fervor sujos pedregulhos.

Solidificara no ar cinzentos vestígios.

Viveria escondida e entristecida.

Aceitaria seu resignado destino?

Melancolia acreditava que sim.

Ficou ali quieta e passiva.

Não contara com o passar do tempo.

Com a vida escondida na esperança,

a perseguição ferrenha da ciência,

o desejo profundo de provocar reações,

a busca incansável de reverter o futuro,

o grito de socorro contido nos olhares,

a revolta advinda do descaso,

o horror à pandemia da ignorância,

a crença no amor e no respeito.

Foi assim, com tais sentimentos, que melancolia reagiu.

Olhou ao redor, viu e enxergou, embora ainda longe, um belo arvoredo.

Esboçou sorriso.

Correu.

Alexandre Sansone 15.02.2021

Alexandre Sansone
Enviado por Alexandre Sansone em 15/02/2021
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