DUALISMO
Restam-me ainda alguns momentos
De desatino talvez, talvez de glória,
Em que se embaraçam os fragmentos
Esparsos, confusos, de minha história.
Num torvelinho de descrenças, mudo,
Eu me debato na indecisão de Ser.
Há na minh’alma uma razão, contudo,
Que não me deixa optar por morrer.
Permaneço, então, no eterno abismo
Do Ser ou Não Ser, esse dualismo
Nascido comigo e que ainda perdura.
No dolorido impasse a que me atenho,
Nasce-me, em sonho, a vida que não tenho
E morre-me a alma no sonho que não dura.