CINZAS


Nessa gaveta vazia,
só encontro a etiqueta;
fosse um livro o que eu queria,
não falta o que prometa,
que logo estará completo.

Não há problemas, em suma:
o meu sonho predileto?
Resolvido. Sempre há uma
forma bem satisfatória
de ser mãe. E o sonho vive...

Passemos a outra história,
outra gaveta, inclusive,
vazia dentro do armário;
conta de um sonho que tive:
desprendimento diário.

Mas há um engavetado:
nada consegui fazer,
pois eu queria viver
bem perto, ali bem ao lado
do mar. Então o que faço?

Porque tenho esse problema,
não alcança o meu braço
pra pegar o bilhetinho
e resolver o dilema:
onde finda o meu caminho?

Mas vale sofrer por isso?
Não, não vale! Deixa estar.
Quando eu me for, lembrem disso,
da gaveta com carinho,
joguem as cinzas ao mar.