APENAS AS LETRAS
Quão mudo ficou o tempo,
Que aos poucos tornou-se cinza,
Como o silêncio fosse a última brisa,
Perdeu o seu encanto calado,
Lutando no vazio do âmago,
Concertando o estrago da saudade,
Como um soldado faminto por sangue,
Numa guerra onde a solidão domina,
Talvez o vento seja o prenúncio,
Da nova aurora, a efémera faixa sem brio,
Pois, rápido é o efeito dos seus feixes,
A íris não acompanhou o movimento,
As peças ficaram sem encaixes,
Pois, os raios deixaram fragilizada a retina,
Agora as pálpebras adormecem na sina,
De um dia após o outro em pleno caos,
Bem dentro do interior da célula,
Onde a cada minuto exigi-se resposta,
Enquanto conta gota a ampulheta,
Mascarando o instante em cada nua paleta,
Para que se vista de emoção,
A alma nua do ser que se julga poeta,
Bem antes da tal negação,
Até lá só as letras lhe resta (...)
(M&M)