Tolices
Ando na linha desértica da imaginação
que despe cicatrizes dos corpos ácidos
Aprumo palavras que oscilam
lados nus
junto os raios que partem
a medula do sonho
Cato meus cacos que migram
das imagens doloridas
cuspo o gosto amargo das estrelas que flertam do poema sádico
Beijo o calo de minhas
cordas trêmulas
que ditam a hora da partida
Descasco a seiva da ferida que cheira o passo da morte
reúno meus pesadelos
atróficos artificiais
Que consomem meu átrio
de sons crus
negros, pávidos e brancos
Declamei meus versos
líquidos nas paixões
que sugam o acervo do brilho dos olhos de pedra
Atirei-me sob notas que elevam o estado alucinógeno das esferas
e implorei por luz no caminho das águas do meu violão
Descansei sobre o abismo que sonda meus passos falsos
abro meus dias que tem gosto de lágrimas soltas
Senti o estalo de suas mãos acolhidas de seu olhar
fechei a fenda adormecida
que ainda faltava
Colori meus medos em suas entranhas de anis
chorei ao ver sangrar
o tempo e as rosas
Tomei o cálice crespo da espera
que apavora o aroma frio
de minhas tolices ...