P R E C I O S I D A D E S (249)
MINHA DESGRAÇA
Minha desgraça, não, não é ser poeta,
nem na terra, de amor não ter um eco,
e um anjo de Deus, o meu planeta
tratar-me como se trata um boneco.
Não é andar de cotovelos rotos,
ter duro como pedra o travesseiro ...
Eu sei ... O mundo é lodaçal perdido
cujo sol (quem mo dera !) é o dinheiro.
Minha desgraça, ó cândida donzela,
o que faz com que meu peito assim blasfema,
é ter para escrever todo um poema
e não ter um vintém para uma vela.