Torvelinho

Deito, fecho os olhos mas não durmo

Desperto, mesmo sem dormir

Sob a coberta me enfurno

Ainda é o primeiro turno

Tenho a noite toda por vir.

Os pensamentos em torvelinho

Qual novelo de linho

Que se desenrola e depois embola

Num bolo de linho embolado

A mente agitada; o corpo agitado

Numa inexplicável agitação

Subtração de discernimento

Que não discerne o momento

Para, funde, entra em confusão.

Pego, agarro o travesseiro

Com ele cubro a cabeça

Suplicando à loucura

Que me deixe antes que amanheça

Quiçá pela manhã

A mente aquiete, arrefeça.

Rememoro as glórias do passado

Num tempo em que corria atrás do vento

E sinto o corpo pesado, cansado

De uma luta que parece não ter fim

Busco um adversário e só encontro a mim

E reflito por um momento…

Muito de minha lamentação

E também do que chamo sofrimento

É fruto de minha observação

Do que escolho como pensamento

E se eu mudar meu ponto de vista?

Para além do que a vista avista

Para o logro que substitui o malogro

Cambiar por paz minha guerra

Não seria isso

Lançar novas sementes na terra?

Adormeço finalmente...

Entro nos recônditos do subconsciente

Há informações de grande valia

Todas bem guardadas

Intento trazê-las para o dia

Mas elas não me cabem no consciente

Continuam arquivadas

Por isso desperto, sinto tudo perto

Mas quando acordo…

Já não lembro de nada!

(Inspirada numa noite em que perdi o sono por algumas horas.)

Netokof
Enviado por Netokof em 08/02/2021
Código do texto: T7179231
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