CAMINHANDO

Eu sou de outras plagas,

Eu vim nessas vagas

De cósmicas poeiras.

Perdidos no espaço

Deixei os meus laços

E parei nestas beiras.

Eu vim de outras Eras,

De outras Esferas,

De mundo distante.

Não medi sacrifícios:

Rasguei precipícios

Pr’a seguir adiante.

Por entre as espumas

De fechadas brumas,

Caminhei incerto.

Vaguei por fundos lagos

Baldios, cerrados vagos,

Montanhas de chão deserto.

Tresnoitei noites vazias

Nas geleiras de escarpas frias,

Nos ardores febris de verão.

Nas encostas de chão duro,

Juntei o lixo num monturo

E fiz dele meu colchão.

Palmilhei areia ardente,

Andei tanto e somente

Cheguei agora onde estou.

Ainda em frente vou seguir,

Morrendo triste sem sentir,

Sem saber pr’a onde vou.

mreno
Enviado por mreno em 20/03/2005
Código do texto: T7178