CAMINHANDO
Eu sou de outras plagas,
Eu vim nessas vagas
De cósmicas poeiras.
Perdidos no espaço
Deixei os meus laços
E parei nestas beiras.
Eu vim de outras Eras,
De outras Esferas,
De mundo distante.
Não medi sacrifícios:
Rasguei precipícios
Pr’a seguir adiante.
Por entre as espumas
De fechadas brumas,
Caminhei incerto.
Vaguei por fundos lagos
Baldios, cerrados vagos,
Montanhas de chão deserto.
Tresnoitei noites vazias
Nas geleiras de escarpas frias,
Nos ardores febris de verão.
Nas encostas de chão duro,
Juntei o lixo num monturo
E fiz dele meu colchão.
Palmilhei areia ardente,
Andei tanto e somente
Cheguei agora onde estou.
Ainda em frente vou seguir,
Morrendo triste sem sentir,
Sem saber pr’a onde vou.