DENTRO DA MELANCOLIA
Acordei mesmo sem querer despertar.
Dóem dores dentro e fora: braços e pernas,
cabeça e coração. Difícil andar e respirar.
Moleza no corpo, pior que ter preguiça.
Não quero ver, ouvir, falar.
Quero janelas e portas fechadas,
sem sol nem ar.
Nos olhos aflora uma lágrima pra quebrar a monotonia
e lembrar que estou viva.
Nenhuma alegria? Sim,
uma enorme alegria
dentro desta tristeza indefinida:
no olhar apaixonado do meu cão,
inseparável companheiro,
nos pássaros que voam e pousam,
ciscando a comida das bandejas,
e no viço contente das flores coloridas
por entre a eterna doação do verde.