amar no início do mundo.
Há muitas teorias sobre como surgimos nessa Terra
(Eu não sei ao certo em qual eu acredito).
Aparecemos como luzes piscantes
Abaixo de um céu lustroso?
Esvoaçante, distante,
Engasgando em névoa clara
Primeiras décadas solitárias de vida
Como um pássaro, encarando o vácuo,
Sussurrando que vazio é esse?
Gestos vazios sugerindo
Que metade não está desaparecida, está tudo completo
E, um dia, além do céu, quando raios colidirem,
Não coincidência, mas profecia,
Declarações assustadoras de era pra ser,
As faíscas em erupção no caos de grande violência,
Como um vulcão raivoso,
Uma gloriosa imagem de cor e som,
Um despedaçante choro de pertencimento
Partindo o tempo em si.
Eu não acho que é isso.
Eu não acho que nasci para amar ninguém
Além de mim mesma
E mesmo isso
Às vezes duvido ser verdade.
Eu não acho que nossas iniciais estão entalhadas
Em nada imortal
Ainda mais presas entre os cosmos em si;
O ar não se trancou no lugar certo com nossa chegada,
Aguardando o dia em que nossas silhuetas
Preenchessem o espaço vazio.
Eu posso me apaixonar com uma melodia,
Deixar que ela tome conta do meu corpo,
Eu poderia me apaixonar por mil coisas
Mas quão particular é meu amor por você.
Quão fervente, quão violento e quão gentil.
Acho que somos apenas criaturas solitárias
Andando nas costas de gigantes
E eu não fui atraída por você
Porque nossas asas eram azuis, da mesma forma
Mas porque elas eram da mesma cor que as de todo mundo
E você se dispôs a ouvir porque isso me assustava.
Não éramos destinados pelas estrelas
Mas nós ainda conseguimos nos enrolar nas beiradas
De um tecido universal que não tecemos;
Tomar banho de luz do sol
Que não brilha para nós;
Correr além da Terra que não sente nossos passos
Tum,
Tum.
Quanta sorte temos,
De não ter expectativa nenhuma de nós.
Rapidamente, todo o tempo que já conhecemos
Bate em nossas portas
E eu não quero mantê-lo esperando.