intempérie
avanço em silêncio para não assustar o tempo da tua ausência.
meus olhos pesam como esponjas molhadas.
um desejo antigo brinca de arranhar a pele que te cobre.
já posso sentir o cheiro que te precede:
flores, pequeno corpo branco quase transparente.
mas tua ausência se estende como a noite sobre a cidade...
e deixa traços fugazes
de um encontro possível
naquele reino misterioso que só os teus olhos conhecem o caminho.
ouço por fim o rumor da tua voz esquiva como pássaros.
e na tua ausência o moroso vaivém da minha respiração!