intempérie

avanço em silêncio para não assustar o tempo da tua ausência.

meus olhos pesam como esponjas molhadas.

um desejo antigo brinca de arranhar a pele que te cobre.

já posso sentir o cheiro que te precede:

flores, pequeno corpo branco quase transparente.

mas tua ausência se estende como a noite sobre a cidade...

e deixa traços fugazes

de um encontro possível

naquele reino misterioso que só os teus olhos conhecem o caminho.

ouço por fim o rumor da tua voz esquiva como pássaros.

e na tua ausência o moroso vaivém da minha respiração!

Marco Xavier
Enviado por Marco Xavier em 03/02/2021
Código do texto: T7175595
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