MIRTES E O RETORNO DE JESUS - epílogo

Plantas tantas quantas

A vontade pode enganar

O veneno pode ser místico

mas a fome esta fome

nunca será nunca terá

um nome estranho, fascínio

Qualquer falta suprida

é escassa aos olhos famintos

As comestíveis vermelhas

parecem derreter seivas

Cogumelos frutas caídas

Gotas doces aroma insano

Penetra sufocando matando

prefere esta morte este encanto

"Prefere a morte do que nada"

E nada andando sobre o

manto encharcado de noite

Trouxe a lembrança do morto

que perfura a carne da fruta

de casca firme madura

que deixa cair e procura

Ela sumiu na relva no meio

das folhagens densas deste

lugar avulso onde veio parar

uma ilha será onde está

porque não brilha e diga

onde foi parar onde está

Deixou a fome morrer

Deixou sua agonia pra traz

Nem as pedras as rochas

as marcas as costas doloridas

os bichos que permeiam ao redor

cobras que espreitam nos galhos

Pássaros da noite voando baixo

Nenhum temor do lugar

do terror que prendia sua

respiração a pouco fazia sentido

De mãos na terra lembra

da terra escorregadia

Unhas perdidas feridas abertas

Cavam e procuram sem parar

O corpo toma o forma do

penitente que soluça

feito criança no altar cego

ainda cego dos mártires

espantalhos de corvos

e abutres do calvário santificado

O coração dispara e o perigo

pode ser o dia que amanhece

"Nada reluz mais que o sol"

Precisa da escuridão pra

encontrar o que brilha sem o sol...

Música de leitura: emperiun / Ufomammut