CANOANDO

Na minha canoa navego

Com um remo e meu facão.

Uma boa linha ou tarrafa

Vou pescar no poção.

Com meu fumo e bom café

Alguns anzóis e uma cuité.

Vou navegando espero a maré.

Amarrada num mururé.

No estirão da Vila Nova,

Água morna boa pra fisgar pacú,

Aracú e tucunaré,

Logo acima no Tamarino a arraia espera.

Finda a tarde cai à noite,

Mais acima o itui é atraente.

O gavião piou no galho,

A piranha beliscou a isca,

Dei um puxão,

Seguro que fisguei a bicha.

É ter cuidado com os dentes dela.

Que morde numa piscadela.

Escurece e é a vez da muriçoca,

Você se esbofeteia mais que remar,

E as gias começam a coaxar.

É hora de se mandar,

A chuva vai chegar.

Amanhã baixo pro poção do Rodrigo,

Lá: traíra, surubim e mandubé,

Vou encontrar ao tarrafear.

DOMINGOS INACIO.

DOMINGOS INÁCIO
Enviado por DOMINGOS INÁCIO em 01/02/2021
Reeditado em 04/12/2021
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