CANOANDO
Na minha canoa navego
Com um remo e meu facão.
Uma boa linha ou tarrafa
Vou pescar no poção.
Com meu fumo e bom café
Alguns anzóis e uma cuité.
Vou navegando espero a maré.
Amarrada num mururé.
No estirão da Vila Nova,
Água morna boa pra fisgar pacú,
Aracú e tucunaré,
Logo acima no Tamarino a arraia espera.
Finda a tarde cai à noite,
Mais acima o itui é atraente.
O gavião piou no galho,
A piranha beliscou a isca,
Dei um puxão,
Seguro que fisguei a bicha.
É ter cuidado com os dentes dela.
Que morde numa piscadela.
Escurece e é a vez da muriçoca,
Você se esbofeteia mais que remar,
E as gias começam a coaxar.
É hora de se mandar,
A chuva vai chegar.
Amanhã baixo pro poção do Rodrigo,
Lá: traíra, surubim e mandubé,
Vou encontrar ao tarrafear.
DOMINGOS INACIO.