ODORES DE INFÂNCIA

Quatro paredes aromas

Uma janela bem grande

O cheiro e ruído chorando

Do óleo na frigideira

Fogão à lenha no canto

O odor do alho queimando.

Em cima pingando o toucinho

No varal sempre defumando

Na mesa o feijão já catado

Na tábua a cebola que faz chorar

Pimenta de cheiro e do reino

Uma faca afiada pra cortar.

O sal essencial tempero

Água fervendo no bule

Arroz na panela pra cozinhar

Uma pitada de amor

Enquanto meche não pode falar

No piso rústico chinela se arrasta.

Lenço segurando os cabelos

Um avental para as mãos limpar

Acha de lenha atiçando o fogo

Para as chamas alimentar

Um gato passando mansinho

Na espera do que restar.

O menino pede um bocado

Curioso e sem entender

Porque da pouca atenção

Que se nega a lhe dar

Querendo só um pouquinho

Para a fome enganar.

No rádio uma canção sertaneja

No terreiro galinhas a ciscar

Um cão que ladra sozinho

A noite que não custa a chegar

Um sol bem vermelho a cair

E um vento leve a soprar.

Walquer Carneiro
Enviado por Walquer Carneiro em 31/01/2021
Código do texto: T7173336
Classificação de conteúdo: seguro