memória que lambe a vida
solo
erva
a boca
o seio
o leite
a doçura dos
desentendidos,
a beleza oculta
o traço que é traço
meus olhos a calar o
tempo, a dor de quem dorme
a cesta de flores
seu vestido de flores
a alumiar o horizonte,
esse vagar sem nome
que me diz o que já fui
nada, não o nada, mas nada
mesmo a fazer margem nessa
goles golpeiam as pedras
a água engolfada na fala
teus lindos abraços tão
bravamente vividos, que
lindo eram tuas mãos
a me falar das esquinas
teus pés que fincava no mundo
as delicias de tua dúvida
ah, mar de todos, bravio
me dizendo o que as palavras
mal soletram, não sou eu
que digo, mas a memória
que lambe a vida