Túnel sem luz

Em grande peça imposta pela vida,

vi minha alma tornar-se amedrontada.

Por medos e horrores fui surpreendida,

fiquei só, em mim mesma aprisionada.

Trancada nos recônditos esquecidos,

fui tragada pelo túnel sem luz,

de medos e sonhos adormecidos:

tudo anoitece e nada reluz.

Nas gavetas tortas da mente oculta,

sem nada enxergar, sem saber de mim,

busquei saída, uma ideia inculta,

algo palpável que me acalme enfim.

Segui incerta, sem lugar seguro,

desviei-me dos riscos de viver.

Sonhei saída, um lugar mais puro,

pois ainda resta um sopro do ser.

Se a vida é fugaz, importa seguir

sem estimar ou saber de antemão,

se com meus medos irei prosseguir

ou se cheguei à última estação.

Em tempo de pandemia.

29-01-2021