visceral

7

traço demente que tem medo de gente

que se mede pelo tamanho de um pente

traço profundo que foi enraizado em outro

momento, acido, faca, pincas a beslicar

a carne, rabo infinito de agum bicho sem

fundo, fùnebre aperto na alma, cançado,

mil tempo de demora, viscose que me devora,

arde, tridente que veio de gente, facao, anxada

a cavar o fundo da terra, mais vermes que estrela

mais espanto que tristeza, massa grosa inviolável,

trato que destrata, medo, abismo, decadência feita

de riscos, não reclamo, não xingo nenhum desgraçado,

onde está eu e onde está o menino, espremido entre

paredes de aço, que funda e comprida com as estradas

de asfalto, furo, brecha, treva, escuro, banimento no

próprio ventre, vaso que não comunica, não rompe,

e não explica, apenas me habita como um hospede

espaçoso, dono do corpo com seus destroços, não

se deixa arrancar, diminuir, aparar, cresce como as ervas

indesejadas, como as árvores mais macabras contorcidas

qual grutas do diabo, não sei teu nome, teu rosto, de onde

de vem, tua causa, apenas o espirro de dor que me deixa a beira

da insanidade, pergunto: até quando? se esse, que mesmo

com tamanha confusão não se deixa em abandono.

Ariano Monteiro
Enviado por Ariano Monteiro em 28/01/2021
Código do texto: T7171044
Classificação de conteúdo: seguro