Benção
Há uma urgência branda,
Uma potência pacífica
Escrita no luzir da tua mirada
Adornando o ar que te cerca.
Irremediavelmente
Minhas retinas te desfrutam
E sob a proteção do meu olhar
Descansa teu dom de fluir.
Há algo de Deus no teu semblante
E bençãos recaem sobre o que tu tocas.
Poderia eu sequer ilustrar em palavras
Aquilo que emanas em silêncio?
Sobre minhas pálpebras cansadas
Repousam tuas mãos de feitiços
Suspendendo-me até os jardins dos céus
Emoldurando em sonhos meus versos.
E se narro teus gestos etéreos
Somos poesia a quatro mãos:
Eu, escultor de dizeres vãos
Tu, beleza de vastos mistérios.