Poesia premiada no 1º Concurso de Poesias Livres da Academia Internacional da União Cultural (2021)
Colocação: 4º lugar
Taubaté-SP


a poltrona e o travesseiro

a poltrona não é de tanto aconchego
é um cômodo sentar-se de vista à frente
recebendo o julgo alheio sem pestanejar
e depois
rebuçar em lençóis o travesseiro

a poltrona não é de tanto aconchego
ela mesma se cansa
de ter seu assento tão intenso
de saber que é quase sua prisão
trânsito intermédio para o travesseiro

a poltrona não é de tanto aconchego
ela deseja ser apenas descanso
não uma vida inerte
de caverna escura
sem perceber que é só sombra
aquela luz espelhada do televisor
aquele sonho deitado no travesseiro

a poltrona não se faz por si mesma
o que faz do mundo sua existência
são pernas e braços e anseios
agir é a melhor decisão
que faz do sonho do homem humanidade
só assim que se ergue do travesseiro