Flores e Espinhos

O que sabes de minhas dores?

Possivelmente, o que veio à tona

Mas... o que está por debaixo da lona

Tem camadas de todas as cores

Dentro de mim, há tantas flores

E bem sabes, conheceste meu jardim

Te embriagaste com o perfume

Colheste a flor que estava no cume

E o melhor daquilo que há em mim

Andaste descalço pelos caminhos

Escalaste as montanhas mais altas

Sem te importares com as luzes da ribalta

Querias apenas a rosa mais rara

Mas, errei e escondi os espinhos

Te encantei com o canto dos passarinhos

E vivemos como se só houvesse flores

Agora, deparamo-nos com os espinhos

Eles furam, perfuram, sangram os amores

E mancham de tristeza todas as flores

O encanto acabou por virar desencanto

Tudo que quero neste momento

É banhar as flores com meu pranto

E torná-las virgens e intocáveis

O meu jardim está ainda cá dentro

Mas, agora, a portas fechadas

Trancafiadas, impenetráveis

Ninguém mais vai se furar nem sangrar

Ninguém mais vai chorar nem sofrer

Não haverá espinho, tampouco flor

Só eu poderei entrar e contemplar

Quem sabe me furar e sangrar até morrer

E sepultar juntos o Amor e a Dor!

Ane Rose
Enviado por Ane Rose em 21/01/2021
Reeditado em 21/01/2021
Código do texto: T7164889
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