Uma folha de papel em branco
Uma folha de papel em branco
Que espera rabiscos,
Traços quebrados ou inteiriços
Ou um belo poema de pranto
Uma folha de papel em branco
Que pode ser pra rasura e riscos,
Umedecido ou queimado
Ali está, da alma, alguns indícios
Um folha de papel em branco
Que consegue ser importante
E ser amassada e rasgada
Em um outro singelo instante
Uma folha que guarda uma sentença
De si para consigo mesmo
Ou um grito de luta ao ermo
Talvez seja a confissão de uma crença
Uma folha de papel em branco
Agora, com palavras de desespero
Querendo dizer pro mundo inteiro
Me deixem quieto aqui no canto
Uma folha de papel em branco
Pode trazer o poder, ou a perda
Como um plano de assalto a banco
Daqueles revolucionários de esquerda
Pode conseguir nos dominar
Quando preenchida de certos códigos,
Palavras astutas, por seres pródigos
Palavras potentes de se acreditar
Um folha de papel em branco
Esperando pra dizer o que penso
Que valores as folhas tomam;
Advogam nossa razão e nosso consenso
Nas folhas de papel em branco
Começam as guerras e os tratados
A paz, em acordos selados
Com rubricas, apertos de mão
Diante de uma folha de papel
Que antes branca estava
Estão pessoas que acreditam
Na comunhão sentido impresso na palavra
E que aquela folha cheia de tinta
Se faz de verdade intocável e infinita
Antes uma folha de papel em branco
Agora, tudo o que o ser humano mais acredita.