ONDE ESTARÁ A RAINHA QUE A LUCIDEZ ESCONDEU?
Debaixo da língua da lucidez
se escondeu a loucura.
No esgueirar do dia ela se levanta
bela e altiva para contemplar a noite.
Escancara risos
do erro gramatical dos poetas
e do tema mal interpretado
que o campo vertiginoso das imagens desenha.
É ela a rainha
a dama solitária
que tece mantos para o Rosário.
A que despetala girassóis
como quem despetala o amarelo
de telas recém pintadas
ou descasca a unhas
doces laranjas de contentamento.
Está escondida a loucura,
no existir entorpecente das papoulas,
no cativeiro de sonhos,
no devir de miragens.
Vestida com finos cortes de cetim,
poda faceira as imperfeitas rosas
vermelho carmim.