O Pássaro
Um dia
eu vi
um pássaro
em minha janela.
Ele pousou.
Pousou bonito.
Pousou rasteiro.
Pousou maneiro.
Pousou e olhou.
Olhou para mim.
Horas a fio olhou.
Depois voou.
No dia seguinte
Como que chamada
estava eu à janela
e ele pousou
pousou
e olhou-me
horas a fio
e voou.
Pássaro,
pássaro que fazes à minha janela,
todos os dias
a olhar-me?
Mas assim foi.
Todos os dias.
Eu
e o pássaro.
Um dia estava na janela
e o pássaro pousou.
Pousou
e voou em minha direção.
Bicou meu coração,
levou um pedacinho dele.
Nunca mais voltou
com o pedacinho do meu coração.
Hoje
meu coração chora
lamenta
o pedaço que se foi.
Pássaro,
passarinho
Traz de volta
o pedacinho do coração que levaste.
Ou então se não queres devolver
vem aqui fazer-me companhia
pois já não sei e nem meu coração sabe
se a saudade é tua ou do pedacinho do coração que levaste.
Francilangela Clarindo
In Poesia Sem Gavetas.