Manhã no sertão
Galo amanhece o dia
Chinelo empoeirado no pé
Arrasta-se ao quintal a colher
Galhinho de alecrim,
Cebolinha e coentro,
Outras ervas e urucum.
Um pé de laranja azeda
Sombreia o batedor
A roupa lavada vai varal
Outras clareiam no quarador
As mãos enrugadas águam
Vassoura de mato varre
O chão de barro e o quintal.
Galinhas a quiquiricar
Pintam-se de amarelo as onze - horas
Carvão acendido a fagulhar.
A chaleira chia,
Faísca, fumaça, assopra. -Avia fogo!
Feijão debulhado,
Mergulha na panela de barro
Cheiro verde a borbulhar.
Faz tempo iniciou-se a vida,
O sertão a fumegar.
Silêncio,
Incenso,
Meio-dia!
Alecrim, beldroegas
Passarinhos chilreiam
As mãos calejadas põem-se a orar.
Paula Belmino