ESTIO
Amo
a cidade
quando chove.
Guardas-chuvas
desabrocham
ao toque
violento das gotas.
Há quem prefira
inundar sua nudez.
Encharcar
seu vestido de festa,
dançar pelas ruas com calma
e revelar
toda a transparência da alma.
Amo
a cidade
depois que chove.
As árvores envernizadas
e lustrosas hortênsias
de azuis lilases que roxeiam.
O sol
de leve descansa
nos espelhos da rua.
No estio,
tudo cintila
em meus olhos.