Meu primeiro poema

Não pude transcrever, nem declamar
meu primeiro poema.
Quando me deparei com ele
eu ainda estava de olhos cerrados.

A luz me entrou
como que me descolando as pálpebras
e dilacerando o centro dos olhos
para naquele momento
me definir as pupilas.

Nesse estado
consegui apenas murmurar o poema
como se fosse minha dor primeira.

Enquanto isso
rompido o cordão que nos prendia
agora era com os braços
que minha mãe me cingia.

E minhas pupilas, já menos sensíveis,
foram relaxando relaxando relaxando
à medida que eu reconhecia
a voz que do ventre eu ouvira.

Então contraí as pernas
pus as mãos sob o queixo
e acomodado no colo materno
suspirei, baixinho, o último verso:

Huum... humm... hummm... humm...!

 
Antonio R Filho
Enviado por Antonio R Filho em 17/01/2021
Reeditado em 18/01/2021
Código do texto: T7162236
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