Poema interiorano

chove como sempre escreveram 

nos livros e canções amigas

distantes estamos contando 

os casos enquanto calangos 

correm na aridez do concreto 

fico sentado, vejo o verde 

aos borbotões entre a folhagem 

verde suculento que enverga 

uma saudação japonesa 

apanhando da gota estúpida 

ouvi melhor o meu quintal 

o mato tomando terreno 

roça a gotícula infinita 

restante que desce da telha 

cerâmica Vila Martins 

ligo as telas tão antenadas 

e transmitem a morte longa

percebo o quintal e sorrio

o sorriso do filho, canta

o galo morador ilustre 

do bairro, a dona mora ali 

a tarde anila a calcedônia 

pelos ares duros do adeus 

levanto, saúdo o passeio

pela casa trancada em ponto

sem final que desce da telha 

cerâmica Vila Martins 

chove como sempre escreveram 

o pingo bate, fere a folha

que recurvada reza e vela 

vidas lembradas sobre a tarde 

uma gota insiste na telha

cerâmica Vila Martins 

André SS
Enviado por André SS em 17/01/2021
Código do texto: T7161836
Classificação de conteúdo: seguro
Copyright © 2021. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.