Existência
Faz tempo que eu ando sozinho comigo
Vou a tantos lugares vou e volto comigo
Há tantas rosas rosas espalhadas pelo mundo
No fundo da minha casa cultivo sonhos antigos
Há tempos que eu desejo andar contigo
Vai a tantos lugares e volta sempre contigo
Abri os jornais de ontem e hoje são as mesmas notícias
O mar está empoeirado, os olhos estão cegos
Não quero rezar sempre a mesma ladainha
Preciso de novos pecados, de novos sentidos
Ir até a esquina, voltar para dentro comigo
Preciso de novas vivências, preciso de um amor nocivo
Ainda ontem choveu em mim algumas ondas
E te dei todos os motivos para vir comigo
Há sempre grandes companhias e sigo sozinho
Quem sabe o cais de mim se solte de vez
Faz tempo que eu ando sozinho comigo
Há tempos que eu desejo andar contigo
Somos duas grandes solidões compartilhadas
Uma beija o céu, a outra abraça o nada
Milton Antonio
13jan/2021