A casa nossa de cada dia
Quando andávamos com as mãos amarradas/
Com destino velado entre mortes e correntes/
Cabisbaixos e atônitos de ignorância/
Só acreditávamos na esperança/
Quando nos demos conta de nós/
Enterrando as mãos na terra bruta/
Descobrimos o nosso chão/
Fazendo pão/
Construímos a nossa casa/
Fomos a revolução/
Querendo novos dias/
O sol de novo tempo renasceu/
A voz ouvida/
A utopia repartida/
A lei para todos/
Na inocência dos idealistas/
Tudo pareceu acontecer/
Mas na cidade/
Muitos são esses covardes, esses vermes e a necessidade /
Entram com a causa bruta pra roubar-nos a alma da labuta/
Ao difundir o dado como certo por errado/
Pra confundir, pra usufruir/
Agora avizinhamos-no do medo/
E agonizamos na dor/
Diante desse surreal/
Onde o sonho emerge do caos/
Cada povo desse imenso país/
Pormenoriza na fome/
Enquanto vem ao púlpito Reis, donos e senhores/
Na verdade, todos vazios a procurar nas vísceras escuras da miséria, o poder/
Esquálidos de mim e de você/
Oportunistas de uma geração/
Que pregavam libertação/
Donos de facções/
Corruptos a desorganizar os rumos já sem direção/
Tanto sangue no passado em vão/
Nesse imenso deserto, a justiça órfã/
Pergunta onde estão os herdeiros dessa nação/