Me visto de preto
quando diante da escuridão
vejo o mau procurando tragar
todo ponto de luz a encontrar
fico num canto a observar
esperando esta onda negra passar
para depois retornar, iluminar
no meu trajeto a transformar
de preto me visto...
Me visto de azul
quando a calmaria vem
presente com pouco durar
busco assim me inundar
desta paz me embriagar
me fortaleço neste renovar
nos pequenos ânimos de vida
trago a força para lutar
de azul me visto...
Me visto de vermelho
quando vejo o amor pulsar
nos corações a amar
singeleza me faz doar
juntamente neste entoar
tocar almas suavemente
nesta carência da vida
inda esperança a pulsar
de vermelho me visto...
Me visto de verde
quando o socorro da orquestra
começa a intensificar, soar
na constante sintonia
numa tão real harmonia
da fauna que silencia
ao toque da mão erguia
da flora que desfalece
ao puxar de sua vestes
de verde me visto...
Me visto de branco
quando vejo o brilho no ar
da harmonia a rodear
da paz que constrói
e destrói o que corrói
trazendo renovação
ao mundo que geme
e ao coração que chora
de branco me visto...
Me visto de amarelo
quando vejo a alegria
adentrar breus e léus
resgantando vidas
que estavam escondidas
sem nada ver, cegas
pela política que reina
com sombra de justiça
sela e multiplica o caos
de amarelo me visto...
Me visto de marrom
quando há nesse tom
o real bem querer
e a sólida igualdade
que está além da pele
valores de essência
puramente a pulsar
no estreito caminhar
mantendo o perseverar
de marrom me visto...
Me visto de todas as cores
me transformo por inteiro
sou teimoso camaleão
no mastro ergo a bandeira
não importa os olhares
não importa os pensares
sou a Realidade que impera
permanente ou passageira
marco o marco no tempo
faço história, sou catavento
num giro deixo meu talento
governo por certo todo intento
de todas as cores me visto...
