Reflexões pós morte.
Como podia saber
Que a morte me buscaria
Naquela manhã tão clara
Naquele dia de sol?
Bem melhor teria sido
Se em casa houvesse ficado.
Ela teria me pego
Lá, bem no alto da escada
A morte não erra caminho
Iria pra onde eu fosse.
Dela, não há como escapar
Viajar pra outro planeta,
Esconder-se debaixo da cama,
Fechar a porta da rua.
Nunca pensei que pudesse
Estar fora e tão perto de mim.
Ainda não me acostumei
A não ser quem um dia eu fui,
Quietinha deitada no berço
Que outro nome não quero eu dar.
De lá não mais sairei,
Nunca mais com as próprias pernas.
Mas isso nem mais me importa:
Tão livre que agora eu estou.
Sou agora um anjo sem asas
Posso ir para onde quiser,
Posso ser o que sempre busquei.
(poema feita sob o impacto da morte de Mônica Dias)