DA MOCIDADE HUMANA

(pelas palavras de um alienígena...)

Sabe, Dom,

estou na beira de um abismo

e lá embaixo

me olha uma assombração.

Quis alguém que não me quis

e, de tanto querer, tanto fiz,

que, de tanto fazer,

morri na própria solidão.

Humano, Dom,

nunca fui tão humano

ao sentir essas coisas

e procurar asas

como um anjo caído, aleijado...

Meu fado, desgraçadamente

me cobra o passado,

(e é um passado que graças a Deus

não consigo lembrar).

A saudade é o abismo, Dom,

saudade de não se sabe o quê

e se pode apenas sentir,

e ela tem pernas, tem olhos,

um cheiro de druida

e uma coisa abaixo do umbigo

que deixa os homens loucos.

Eis que a saudade tem um nome

que só as lágrimas sabem

o quanto significa.

E você aí, do outro lado,

não me olhe assim também.

Vá amar alguém

e tentar ser tão humano quanto fui.

Depois,

me escreva um poema

com palavras que rasgam...

mas curam.

Sivaldo Souza
Enviado por Sivaldo Souza em 02/01/2021
Reeditado em 24/07/2022
Código do texto: T7150216
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