O SONO DO ANJO
Por ter sabor amargo, a mágoa,
Tornou-se bebida que não é bem vinda.
É imposta e mistura-se à saliva
E se cuspida, renasce e banha a lingua!
Salgada demais, é a injustiça;
Nada existe que a possa adoçar.
Sua vítima agonisa à míngua,
E chorando ainda tenta rastejar.
O falso doce, já cabe à mentira.
É o prato mais caro da covardia,
E o preço mais pago nessa vida...
Delicioso, no entanto, é o sono,
De quem é humilde, verdadeiro e justo.
Mas quem dorme não é um homem, é um anjo!