Maldita herança

Que aos teus olhos, salve-se

Pois a mim, decadência

Enquanto ao júbilo de sua inocênte ignorância

Sinto-me escudo inerte aos ataques do inimigo

Atingida pelas gargalhadas vindas de ti

Duvido da certaza em permanecer aqui

Onde tal gozo teu planta-me dualidade

"O riso é de agradecimento"

Ou

"O riso é por gostar de meu sofrimento"

E a resposta se faz pertinente somente ao meu falho discernimento

Mergulhada nessa inquietação desproporcional

Surgem-me outras fédidas feridas

Pois como todo semelhante faria, lanço-te a culpa

Sem possuir poder de decidir o criminoso

Sendo apenas prova inútil no caso

Rendida ao julgamento alheio que me devora a sanidade

Presa ao conceito de que no fim deverá haver felicidade

Sem garantias de que lá haverá luz ao en'vez de obscenidade

E se eu fizer o caminho contrário

Encontro todos os fins sem respostas

Pois o túnel nunca chegou ao fim

Mas quem o percorre, mudou

E essa seria sua herança

A certeza de parentes feridos

E um caminho incerto ao futuro

Perdoa-me, meu filho

Clara Nuvens
Enviado por Clara Nuvens em 30/12/2020
Código do texto: T7147559
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