MORTE: DO TEMPO QUE VOA
Hoje passei na tua rua
Queria entrar e te ver,
Te abraçar e te dizer
Que só queria ser tua.
O vazio que ia e vinha
À sete anos se instalou
E aos poucos se apossou
Da alegria que eu tinha
O nosso plano falhou
"Nossa" filha hoje é só minha.
Era tudo que eu queria
Mas até isso não vingou
Me vejo entrando em teu espaço
Teu cheiro, tuas roupas, o teu mundo
Tu me observas, sentado em tua cama, mudo
Enquanto tento me desfazer desse teu laço.
Fica imóvel teu olhar, teu sorriso, tuas mãos.
E vai sumindo, evaporando
Pouco a pouco me deixando
E todo dia martelando
Meus malditos "nãos".
29/12/20