Inusitado

O corpo estava morto,

mas não a boca;

linhas absurdas

de enigmática tradução;

meia lua de pontas para as orelhas,

luminosidade embasbacando a escura escuridão.

Por que a morte não matou a boca?

Por que esculpida

em corpo marmóreo

a carne marcada

de um sorriso!?

Por que queimando

em inverno corpóreo

o fogo aceso em um abrigo!?

Imediatamente,

assim que desviu o mistério,

exclamou um avarento:

Mas ele não tem

dentes de ouro!