PERCEPÇÃO DESDENHADA

Desdenho a forma da vida como capacidade humana, enxergando de onde desloco tudo, assim é mais compacto... vejo as janelas; crianças correndo pra lá, pais acolá não dando conta se quer que - como o tempo seus filhos também passam, e vira detalhe os pés e as janelas sujas.

Correm da pergunta do vizinho, entristecido, cauteloso como alguém tomando cuidado ao dar bom dia à uma moça uns 25 anos mais jovem. O assédio, a importunação é prato sério e não crer em todos os barulhos que se ouve acaba por permitir tal coisa do tempo.

Sirene, gemido, risada, silêncio... até o carinho entoava sons. Me pego em 7 minutos em pé, digitando, me vendo tão perto do crime e diante das vistas da sentença. A qual me ando reinventando neutralidade aos passos largos: pelas luzes, pela tradição, por ser racional.

A moça da janela, com as crianças correndo, com pés sujos não é meramente anos mais nova, a visão que trás da vida é a juventude que nunca foi embora, é a risada do silêncio junto as tradições não tão convencionais.

Dizia ela - concordo com suas roupas, seu cigarro a boca, alguns carregam máscaras fora de pandemia... sua erudição é firme e devastadora, sonha como quem vive dentro de um sonho e morre todos os dias como alguém que nunca viveu.

Friso ao escrever, aonde escrevo mentiras, calúnias a imagens não ditas; ao sol que vai embora ao meio-dia... ela poderia ser lua fazendo companhia ao céu; e viver inteiramente longe dos problemas criado, por sua cabeça.