Olhos de Tigre

A vida é qual uma luta

De boxe

Na qual bato sem parar

Desde sempre

E apanho de punhos indistintos

Murros...

Tão nocauteantes

Que nem sei de onde vem

A não ser

Aqueles de onde menos se espera...

Levanto. Sigo batendo.

Já nem sinto as mãos doendo

Os músculos expostos, sangrantes

Nacarados pelo branco dos ossos

À mostra, brilhantes...

A vida é uma disputa

Extenuante

Na qual sinto estar perdendo

Perdendo

A própria vontade

Da vida...

Então, deixe-me ver as luzes

Da torcida

A delirar, entorpecida

Pelo próprio ópio

Enquanto aguardo o último golpe

Que irá me levar à lona

Da escuridão

Redenção...

(Meus olhos de tigre

finalmente irão descansar...)

Eles não me valeram muito, pois lutei

Num mundo sem regras

Um ringue coberto de trevas...

O final?

Fui um campeão da persistência,

Simples de coração

Mas a Morte...

Ah, a Morte,

Ao final da luta

Ganhou o cinturão.

Sergio Vinicius Ricciardi
Enviado por Sergio Vinicius Ricciardi em 25/12/2020
Código do texto: T7143888
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