Olhos de Tigre
A vida é qual uma luta
De boxe
Na qual bato sem parar
Desde sempre
E apanho de punhos indistintos
Murros...
Tão nocauteantes
Que nem sei de onde vem
A não ser
Aqueles de onde menos se espera...
Levanto. Sigo batendo.
Já nem sinto as mãos doendo
Os músculos expostos, sangrantes
Nacarados pelo branco dos ossos
À mostra, brilhantes...
A vida é uma disputa
Extenuante
Na qual sinto estar perdendo
Perdendo
A própria vontade
Da vida...
Então, deixe-me ver as luzes
Da torcida
A delirar, entorpecida
Pelo próprio ópio
Enquanto aguardo o último golpe
Que irá me levar à lona
Da escuridão
Redenção...
(Meus olhos de tigre
finalmente irão descansar...)
Eles não me valeram muito, pois lutei
Num mundo sem regras
Um ringue coberto de trevas...
O final?
Fui um campeão da persistência,
Simples de coração
Mas a Morte...
Ah, a Morte,
Ao final da luta
Ganhou o cinturão.