Mormaço

O mormaço que nos ronda...

Tem dias que o sol castiga

E só buscamos uma sombra

Fugimos de qualquer briga

Nestes tempos, a preguiça é soberana

Outrora foram em vão os dias de luta

Indicando que melhor é ficar na cama

Belos argumentos, sempre astuta.

Reforçada a sensação de impotência

Ladainha que da missa, não é nem a metade

A preguiça quer ditar nossa cadência

Teimando em arrefecer nossa vontade

Mas pensar em ser resistência é o começo

Sabemos, em nada contribui este mormaço

Não fazer nada também cobra seu preço

Vai roubando, dos nossos sonhos, o espaço

Sei que o calor destes dias

Podem desanimar uma boa intenção

Mas de repente, quem diria?

Ela já não cabe na imaginação

Assim, num impulso incompreensível

Nos levantamos e saímos para fora

Parece pouco verossímil

Mas algo nos diz "tem que ser agora!"

Observamos a paisagem

Parece uma fotografia

Não que nos remeta a uma bela viagem

Nem nos convide a nostalgia

A sensação que nos prestigia

Quer nos dizer que está tudo parado

O tempo preso nesses dias

Com tantos sonhos enjaulados

Na face escorrem certezas salgadas

Queremos passar a mão para tirar do rosto

Às vezes nos sentimos de mãos amarradas

Tendo que engolir e sentir seu gosto

Mas de persistência preencheremos nossos dias

Sabemos que vai acontecer em algum momento

Sinais para renovar nossas baterias

Para nossa força, o alimento

E a preguiça e seus argumentos

Deixaremos falando com as paredes

E pegando velocidade de cara para o vento

Do refresco mataremos a sede

No final, o mormaço existe para classificação

Para o destino feliz separa os fracos dos fortes

É como um departamento de imigração

Só para alguns é liberado o passaporte