A flor do meio fio
Contrariando a dura regra,
Insubmissa à exatidão da régua; ela surge.
Delicadamente imponente ou
Imponentemente delicada.
A flor do meio fio brota
em afronta ao ressentimento concreto
e brada contra a rigidez asfáltica.
Mesmo as vezes pisada
mantém a graça e exala seu perfume.
Este, imperceptível, cruelmente abafado
pelos maus cheiros da vida mecânica.
Ela é um pequeno sopro de pureza
que contrasta com o ar contaminado dos motores.
Representa a inocência
não corrompida pelas moedas que loteiam o chão.
E grita. Grita silenciosamente
o grito da vida contra a não vida;
da poesia contra a técnica; do ser contra o fabricado.
Mas acima de tudo resiste