S O N E T O (243)

S O N E T O

Alma minha gentil, que te partiste

tão cedo desta vida descontente,

repousa lá no ceu eternamente

e viva eu cá na terra sempre triste.

Se lá no assento etéreo, onde subiste,

memória desta vida se consente,

não te esqueças daquele amor ardente,

que já nos olhos meus tão puro viste.

E se vires que pode merecer-te

alguma cousa a dor, que me ficou

da mágoa, sem remédio, de perder-te,

Roga a Deus, que teus anos encurtou,

que tão cedo de cá me leve a ver-te,

quão cedo de meus olhos te levou.