NUNCA FUI BOM COM AS PALAVRAS

Nunca fui bom com as palavras

O tom da garganta gritava

A mente clamava

Rabiscava alguns sentidos

Entendia outros gemidos

Nunca fui bem dito

Um cara meio esquisito, eu sei

Pensava que sabia, era tudo estribilho

Batia soneto, saia do samba e seguia cantando

Anotava as frases, esquecia da vida

Nunca soube o que dizer

Falava do que sentia

Estes ao menos, não resistia

Relia o texto, eram só conceitos

Revia e até ria da rima que rumava

Aprendi com sotaque

Eu de fato não entendia

Pra cada lida, uma cantoria

Pra cada verso, uma não repetia

Pra cada instante, um atenuante

Nunca fui bom com as palavras

Daquelas mal ditas, nem nas entre linhas

Daquelas com estrelinhas, lembro me até com simpatia

Daquelas que não disse, é melhor não recordar

Aprendi a contar

Nada de "dois pra lá, dois pra cá"

Marcava mesmo era o fim da festa

Dava um "ponto" e sem nota

Dançava na chuva esperando o canto chegar

Disse que não sabia

Por isto eu tanto ria

Daquilo que escrevia, um dia acontecia

Daquilo que aprendi, vi que a vida seguia, nada se repetia e de mal, eu nada temia.

Elpidio Tozani
Enviado por Elpidio Tozani em 20/12/2020
Reeditado em 20/12/2020
Código do texto: T7139836
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